Fui pela música, mas apaixonei-me pelo Hygge, o conceito dinamarquês que é uma forma de viver a vida deliciosa. Curiosos? Eu explico.
Já queria ir a Copenhaga há muito tempo e a passagem da Tour dos 30 anos do Illmatic – o album do incontornável Nas – por lá foi o pitch perfect. Depois, aproveitei para passear (muito) e comer (muito bem) e ainda viver um bocadinho esta cidade verdadeiramente apaixonante.
DIA I:
O dia do concerto. O nosso hotel além de maravilhoso era super bem localizado – mesmo em frente ao parque Tivoli, ao lado da estação central e a walking distance da rua principal onde estão todas as lojas. E foi exatamente por aqui que começamos. Não foi preciso andar muito para perceber a meca que Copenhaga é para o mercado de luxo em segunda mão. Tantas e tantas lojas com um acervo de coisas que nem no Instagram se veem. Deixo aqui as melhores:
Collectors Cage: uma seleção de malas de (quase) todas as marcas de luxo, com muitos modelos vintage que só tinha visto na internet.
Magnolia’s: esta loja é uma verdadeira caixa de Pandora e vale muito a pena a visita. Tem, diria, todo o tipo de artigos de luxo das mais variadas marcas. É perder um bocadinho de tempo (as coisas estão um pouco amontoadas) e querer gastar algumas coroas dinamarquesas e vão certamente encontrar aquela peça especial de once in a lifetime. Os preços não são nem mais caros nem mais baratos do que o normal. São o mesmo valor que encontramos no Vestiaire Collective, com algumas excepções para cima e para baixo, claro.
Jantar: Fomos ao War Pigs, um conceito de churrasco do Texas, num mix americano-dinamarquês interessante. Gostamos muito.
Concerto: Foi épico, ou não fosse a comemoração dos 30 anos de um dos melhores álbuns de sempre do rap e não sou eu que o digo.
Ponto negativo: não senti que estava num concerto de rap. Senti o público muito contido, mas se em roma, sê romano, cantei e saltei na minha própria bolha, em dinamarquês.
DIA II
Começamos o dia em direção à cidade livre de Christiania, um bairro hippie regido pelas suas próprias normas e fora da União Europeia, como dizem. Aqui vivem cerca de mil pessoas com base nos princípios da reciclagem, arte ao ar livre e colaboração entre todos. Uma verdadeira comunidade. Sente-se uma atmosfera única, rodeada de arte por todo o lado e onde não é possível tirar fotografias. Vale a pena a visita.
Do universo paralelo de Christiania seguimos pelas margens do canal Nyhavn até ao postal de Copenhaga: as casas coloridas de um e de outro lado do rio. E é exatamente isso: um postal. Um dos lados está recheado de restaurantes e esplanadas mas que, obrigada Internet, diz-se serem tourist traps e por isso o melhor seja talvez apenas ficar para um copo ao fim da tarde (ou a outra hora qualquer que não estamos aqui para julgar).
Pelo meio paramos em várias lojas com conceitos giros mas que vale mais a pena irem e perderem-se por lá, como fizemos, já que a maioria não estava no nosso roteiro. Há alguma coisa mais deliciosa do que descobrir coisas em viagem?
Almoço: Fomos ao famoso Gasoline Grill, onde servem os world famous hamburgers numa bomba de gasolina (sim, a bomba está mesmo a funcionar e os carros chegam para abastecer enquanto se servem os hamburgueres) e ficamos mais de 1h na fila para depois descobrir que podíamos ter feito o pedido para take away, via app, o que teria sido muito mais rápido. *insert clown emoji* mas… valeu a pena! Os hamburgueres são de facto muito bons. Vale a pena ir (e pedir pela app).
A pequena sereia de bicicleta: A bicicleta é mesmo o melhor meio de transporte. É prático, vemos a cidade enquanto nos deslocamos e tem o plus de ser muito divertido! Pegamos numa e fomos em direção à estátua da pequena sereia que homenageia a obra do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. Já tinha visto algumas reviews de como era “muito mais pequena” do que o que parece e talvez por isso achei o contrário; maior do que eu estava à espera.
Passeamos mais um pouco de bicicleta com alguns pit stops em lojas que estavam no nosso roteiro e para lanchar. A pastelaria dinamarquesa é mesmo something else.
Jantar: Fomos ao muito aconselhado Fabro – massas frescas deliciosas! Mas atenção, chegamos pelas 19h e já estava sold out. Pro tip: na porta ao lado servem o mesmo menu para Take Away.
Noite: O Instagram seduziu-nos com a vida noturna dinamarquesa e… não desiludiu. Fizemos pinky promise de que seria só um copo – queriamos aproveitar o domingo – e tinhamos a nosso favor a mudança de hora. Fomos ao Arch e apesar de não termos adorado a música, gostamos da experiência e do facto da cidade ser mesmo muito movimentada durante a noite e sem sinais de insegurança. Foi um bom exemplo de o que importa não é o destino, mas a viagem, já que mesmo antes de chegarmos ao destino final, já tinha valido contrariarmos a nossa velhice Millenial e termos decidido ir.
DIA III
Tínhamos no roteiro o Atelier September para brunch e apesar da comida ser óptima, o ambiente ganha. Pensem num café super acolhedor, amoroso e onde apetece ficar por horas em silêncio só a sentir a vibe. Um must go, definitivamente. The best: o chocolate quente e o bolo de limão e sementes de papoila. Delishhhh!
Designmuseum Denmark: Além do estilo de vida rumo à felicidade, se há coisa que os países nórdicos exportam é design, o que torna esta visita obrigatória e… não saímos desiludidos. Tinham uma exposição deliciosa sobre o Futuro (e que daria tema para outro artigo) em que destaco uma parte em que dizia que a palavra do futuro seria: flexibilidade. Food for thought. Além desta exposição, tinham também uma parte dedicada ao table setting das várias épocas da história e ainda uma sala dedicada às cadeiras dinamarquesas.
A visita ao museu digeriu o brunch e seguimos em direção a um mercado com vários restaurantes, concretamente à muito aconselhada taqueria Hija de Sanchez e que justificou a fama. Muito bom!
Parque Tivoli: Terminamos o dia no Tivoli, o parque de diversões que reza a lenda ter inspirado Walt Disney a criar as Disneylands. Se puderem visitar Copenhaga perto de alturas comemorativas, façam-no. Nós fomos no Halloween mas acredito que o Natal deva ser ainda mais mágico! Todo o parque está decorado a rigor, à séria. Desde projeções de luzes no chão a instalações de luzes, a abóboras decoradas… Senti-me mesmo no planeta Halloween! Por todo o parque encontram casinhas (também decoradas a preceito) que são na verdade lojas. Aqui encontramos decorações de Natal lindas e fizemos umas comprinhas. Às 19h há um espetáculo de luzes e música no lago e depois de avaliar criteriosamente todas as diversões do parque, fomos a votos. Já que era Halloween, deixamos o horror das montanhas russas para outras núpcias fomos à Casa dos Horrores. Posso-vos dizer que nem na Disney vi este nível de detalhe na decoração! Épico é mesmo a melhor palavra. Jantamos por lá, no food court que tem várias e interessantes opções. Mais uma vez, muito melhor do que a Disney :p
DIA IV – ÚLTIMO DIA
No último dia só tivemos tempo de passear mais um pouco pela rua de lojas e posso dizer-vos que foi o meu dia preferido. Já lá vamos. Bebi o melhor chocolate quente da vida na Peter Beier, fomos a algumas lojas de design como a Hay e o piso superior do Illum e fiquei tão, mas tão inspirada! Mas o melhor de tudo foi ter descoberto o significado de Hygge, a palavra que tinha visto por toda a cidade mas ainda não sabia o significado. Comprei um livro para oferecer à minha mãe, que é apaixonada pelo estilo de vida nórdico e devorei este mesmo livro na viagem de volta.
A primeira vez que a Carina me perguntou o que era Glitter para mim, eu respondi: vida. Mas se me perguntasse agora eu diria Hygge! Hygge foi a forma que os dinamarqueses encontraram para transformar o frio e os dias curtos – coisas que poderiam ser deprimentes – em algo que lhes traz alegria e os faz felizes! Hygge é valorizar cada momento e o simples, como acender velas pela casa, cozinhar com amigos ou simplesmente conjugar os verbos ser e estar, na primeira pessoa do singular e do plural. Não é Glitter?
Quanto a Copenhaga, se estão a pensar ir: VÃO. 🙂
#TheGlitterDream