Quando foi a última vez que fiz algo pela primeira vez?

Com o passar do tempo e o envolvimento numa rotina, muitas vezes frenética, sem tirarmos o tempo necessário para refletir sobre o rumo que assumimos, acabamos por cair num ciclo vicioso de dias iguais, sem grande propósito e, quando damos por ela, esquecemo-nos de assumir o infinitivo do verbo que dá significado à vida: viver.

Com o início deste novo ano, fica o convite para parar, pensar e agir. Certamente, há uma infinidade de coisas que gostaríamos de experimentar, mas nunca o fizemos, seja porque nos convencemos de que não temos tempo ou que, pelo contrário, o que não nos falta é tempo e por isso não precisa de ser já.

O mais comum na nossa espécie é, de facto, adiar a mudança e, por consequência, adiar a felicidade. Mas o que é que a felicidade tem que ver com fazer algo pela primeira vez? Tudo. Está comprovado cientificamente que experimentar coisas novas, seja um hobby, uma viagem, um tipo de comida ou um desporto, contribui para a libertação de dopamina, o neurotransmissor associado ao sistema de recompensa e prazer. Porque é que isto acontece? Quando fazemos algo novo ou desafiante, o nosso cérebro interpreta-o como uma oportunidade de aprendizagem, gratificação e crescimento. Esta expectativa, estimula a libertação de dopamina, criando uma sensação de satisfação que motiva a repetição desse comportamento.

Assim, podemos concluir que ficar confortável na monótona e cinzenta prisão que é uma rotina sempre igual, não nos faz bem. É importante para evoluirmos, para nos sentirmos bem e para, bónus, estimularmos a nossa flexibilidade cerebral, fugirmos ao previsível e abraçarmos a curiosidade.
Sem ideias? No problem. Aqui ficam algumas sugestões para tornar o desenrolar da
vida um bocado mais glitter:

  1. Fazer uma receita nova (ex: homemade sushi, porque não?)
  2. Experimentar uma nova trilha (ex: Trilho dos Pescadores na Costa Vicentina,
    ou Passadiços do Paiva em Arouca)
  3. Ler um livro numa língua diferente (ex: um livro de contos em espanhol)
  4. Aprender a tocar um instrumento (ex: que tal uma aula de harpa?)

    Este é o momento de resgatarmos os desejos guardados na gaveta do “fazer um dia mais tarde” e pararmos de pôr as obrigações à frente de tudo. Na dúvida se temos mesmo estado a viver ou, apenas, a sobreviver, voltamos à pergunta do título:
    quando foi a última vez que fiz algo pela primeira vez?

Beatriz Fernandes
Aluna do 2º ano de Ciências da Comunicação na FLUP e Bolseira Gulbenkian
#TheGlitterDream