Cada vez mais, com o domínio de tudo o que é digital, seria de esperar que os livros físicos fossem completamente substituídos pelas suas versões on-line. Contudo, mesmo a geração que mais submersa está no universo tecnológico, ainda prefere ler em modo OG. Reconfortante, não?
Apesar do mais óbvio ser as redes sociais estarem a roubar a atenção dos livros impressos, a verdade é que plataformas como o TikTok potenciam o contrário: através do fenómeno do BookTok, por exemplo. Esta “parte” da aplicação, que representa a comunidade de autores e leitores, permite a partilha de reviews, recomendações, excertos de obras, entre outros, que influenciam fortemente o mercado editorial e os hábitos de leitura dos consumidores.
O meu primeiro instinto, depois de escrever nas resoluções de ano novo que queria começar a ler de forma consistente, enquanto gen z, é ir ao BookTok ver que livros se recomendam para quem quer resgatar este hábito. Já sabemos, de outras reflexões, que esta é a app-rainha de cognome impulsionadora, o que faz com que não nos surpreenda o facto das vendas dos livros dispararem depois de nesta se tornarem virais. Também aplicações como o Goodreads, uma rede social para leitores descobrirem, avaliarem, catalogarem e partilharem opiniões sobre livros, contribui para estimular a sede de leitura.
Segundo um estudo realizado pela GfK, uma empresa multinacional de estudos de mercado, em 2023, o formato físico é o preferido para quem compra livros, apesar do avanço que o digital tem feito no mercado.
De facto, o crescimento de e-books e audiobooks, bem como dispositivos como o kobo ou o kindle (que permitem leitura portátil e personalizável) são ferramentas a favor da leitura digital. Seja pela praticidade ou pelos preços mais atrativos, estas alternativas colecionam um número crescente de adeptos. O receio de comprar um livro físico para depois deixar que este seja engolido pela desorganização da mesinha de cabeceira e caia no esquecimento acrescentam pontos à team digital.
Ainda assim, contrariando o que seria expectável dada a sua natureza virtual, esta geração escolhe conectar-se à tradição e lançar a âncora a um livro impresso. Indo de encontro à ideia crescente de viver cada momento no presente, o prazer sensorial de tocar, cheirar e folhear um livro é insubstituível e consegue superar qualquer formato digital que se apresente.
Beatriz Fernandes
Aluna do 2º ano de Ciências da Comunicação na FLUP e Bolseira Gulbenkian
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