Doomscrolling: o que é e como pode afectar a tua saúde mental

A pandemia já lá vai (thank God!) mas além das memórias daqueles tempos em que a ansiedade era mais um estado metereológico do que psicológico (já que quando chovia, era para todos) ficaram também alguns hábitos no nosso dia-a-dia. Espreitar uma notícia e cair no void do caos e tragédia de outras semelhantes, interagir com uma notícia negativa (seja like, enviar a alguém ou ficar mais de 2s na publicação) e dizer ao algoritmo: “Gosto disto, mostra-me mais” são alguns exemplos do doomscrolling que hoje, em jeito de alerta, vos vimos falar.

O termo vem da junção de “doom” (desgraça, destino sombrio) e “scrolling” (alguém traduz scroll?). É o hábito de consumir compulsivamente notícias negativas, como se fosse um reality show da desgraça mundial. E sim, quase todos já caímos neste buraco negro digital.

Porque fazemos isto?

Parece uma espécie de masoquismo, mas há uma explicação científica para o doomscrolling. O nosso cérebro tem um viés de negatividade natural, ou seja, está programado para dar mais atenção a informações ameaçadoras do que a boas notícias. E isto vem da nossa evolução: os nossos ancestrais que se preocupavam mais com os perigos tinham maior probabilidade de sobreviver.

Só que, hoje, em vez de fugir de ursos e leões, fugimos de fake news, crises económicas e polémicas do Twitter (ou X, como quiseres). O problema é que esta exposição contínua ao negativo pode afetar a nossa saúde mental. Como não?

Como o doomscrolling nos afecta?

  1. Aumenta a ansiedade – Quanto mais lês sobre caos, mais sentes que o mundo é um lugar perigoso e fora de controlo. Isso pode gerar medo e preocupação excessivos.
  2. Altera o humor – O excesso de notícias negativas pode deixar-te irritado, triste ou simplesmente exausto mentalmente.
  3. Dificulta o sono – Fazer scroll pelo feed de notícias antes de dormir é um péssimo hábito. A combinação de informação pesada e a luz azul do ecrã é o oposto do relax que precisas antes de dormir.
  4. Cria um ciclo vicioso – Quanto mais doomscrolling fazes, mais ansioso ficas, o que te faz querer continuar a procurar informações (já que a informação é uma poderosa arma para racionalizar a ansiedade) e assim o ciclo não termina.

Como evitar o doomscrolling?

Agora que sabemos o estrago que o doomscrolling pode causar, aqui estão algumas dicas para te proteger:

1- Define limites de tempo: usa apps que controlam o tempo de ecrã ou define um alarme para te lembrar de parar.

2- Escolhe fontes confiáveis: em vez de consumir notícias aleatórias nas redes sociais, segue fontes confiáveis e evita o click bait do sensacionalismo.

3- Estabelece horários para ver notícias: tenta consultar as notícias apenas uma ou duas vezes por dia, e evita fazê-lo antes de dormir.

4- Consome conteúdo leve: alterna o consumo de notícias com conteúdo positivo: memes, vídeos de gatinhos ou o TikTok do teu influencer preferido.

5- Pratica o detox digital: Estabelece um dia por semana para ficar offline. Sai para caminhar, encontra-te com amigos ou simplesmente relaxa sem o telemóvel por perto.

O doomscrolling é quase inevitável no mundo hiperconectado de hoje, mas pode ser controlado. O segredo é encontrar um equilíbrio entre estar informado e proteger a tua saúde mental. Afinal, nem tudo é um apocalipse iminente – e, mesmo que fosse, vale mais aproveitar o momento do que passar o dia preocupado.

#TheGlitterDream