Porque é que a Gen-Z ama micro-celebridades?

Sensação de proximidade, envolvência e autenticidade que grandes nomes muitas vezes não conseguem proporcionar são alguns dos pontos a favor destes criadores que registam um padrão de popularidade cada vez maior. Afinal, o que são micro-celebridades e porque é que a Gen-Z as adora? 

Diria que a principal razão de ser deste fenómeno é o efeito-relate, ou seja, a capacidade do público se relacionar com o conteúdo de determinada pessoa. É aqui que reside a mais significativa diferença entre as micro-celebridades e as grandes estrelas. Um criador que partilha a sua vida normal, naturalmente mais parecida com a de um cidadão comum, anónimo, faz com que o espectador se identifique mais rapidamente e valorize essa conexão (o chamado gente como a gente). Esta ideia está diretamente associada à procura da geração por informação autêntica que espelhe a vida real, sem filtros e sem muito planeamento. 

Para além disto, a facilidade de estabelecer contacto com os criadores também agrada este grupo geracional. Seja através de um simples like num comentário ou da resposta a uma DM, a Gen-Z gosta desta aproximação à presença do outro lado da tela, que contribui para a percepção de uma pessoa real, igual a mim que estou deste lado. Por norma, este aspeto não acontece com os grandes nomes, mais distantes e inacessíveis. 

Ainda, o simples facto de serem “pequenas” transmite, mais uma vez, a ideia de uma opinião autêntica e confiável, uma vez que não costumam estar diretamente associadas a marcas e a publicidade, o que leva quem assiste a crer que, se por exemplo, partilharem um produto, o fazem simplesmente porque gostam e utilizam e não porque foram pagas para o fazer. 

Plataformas como o TikTok são, na verdade, as grandes responsáveis pela popularidade das micro-celebridades dada a sua estrutura que favorece a viralização e ascensão de utilizadores não verificados ou conhecidos. É por isso que, na maioria dos casos, associamos mais rapidamente a esta rede social as tais micro-celebrities do que as actual celebrities que conhecemos do cinema e da televisão, por exemplo.
Toda esta história dá-se, de facto, porque a geração Z defende a ideia de que qualquer pessoa se pode tornar “famosa” por conta própria, do zero, por meio da criação de bom conteúdo orgânico. As micro-celebridades representam, precisamente, esta democratização da fama que sugere a Gen-Z. Ainda em dúvida? Está na altura de ficar mais atento às contas que aparecem na For You.

Beatriz Fernandes
Aluna do 2º ano de Ciências da Comunicação na FLUP e Bolseira Gulbenkian
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