Queremos flores e direitos iguais

Sim, adoramos receber flores. Mas se o Dia da Mulher fosse resumido a presentes, então teríamos um problema. Na verdade, já temos. Porque este dia não é sobre mimos vazios, é sobre lembrar (e relembrar) por que ainda precisamos lutar por igualdade.

Não se trata de homens contra mulheres, nem de um debate sobre quem é melhor. Homens e mulheres, sempre serão diferentes. É a biologia e justamente a diferença que faz a vida rica e interessante. Mas no fim de contas, se somos todos humanos, por que os direitos ainda não são os mesmos?

Em pleno século XXI, mulheres são impedidas de estudar em vários países, não podem tirar a carta de condução e guiar ou sequer sair de casa sem a permissão de um homem. Mas não precisamos de ir tão longe para ver desigualdade: em Portugal e de acordo com o Barómetro das Diferenças Remuneratórias entre Mulheres e Homens de 2024, as mulheres ganham, em média, menos 13,2% que os homens.

No entanto, há que referir (e se calhar, a celebração deste dia ajudou) que em 2016, a diferença salarial entre homens e mulheres em Portugal era de 15,8%, correspondendo a uma diferença de 58 dias de trabalho remunerado e portanto, houve uma evolução histórica.

Portanto, à pergunta: porque ainda celebramos este dia? Este argumento deve bastar.

Mas podem adicionar que muitas mulheres ainda precisam escolher entre carreira e maternidade, enquanto esta pergunta raramente é questionada a homens. Ou porque muitas de nós ainda têm medo de andar sozinhas à noite.

As marcas e o Dia da Mulher

A causa da igualdade não deve ser só uma publicação no dia 8 de Março. As marcas que o fazem, devem questionar-se antes se implementam dentro de portas aquilo que apregoam e caso não o façam, homens e mulheres, devem ter a coragem de o denunciar. Ser e parecer são coisas diferentes e os tempos são de luta e não de deixar passar, porque é só um post. Queremos que as marcas e empresas se posicionem de verdade e que abracem a causa da igualdade não como uma estratégia de marketing, mas como um compromisso real. Se o fizerem de verdade, não precisam de um grande brainstorming para assinalar o dia da mulher de forma cool e criativa, basta que revelem os seus dados internos. De paridade salarial, de representatividade nos mais diversos cargos. Nos estatutos para mães e pais.

E também nunca é demais relembrar que ser feminista não é ser contra os homens. É ser a favor de um mundo justo, onde talento não tem género e onde direitos não são privilégios.

Neste 8 de março, podes até dar flores. Mas dá também respeito, voz e igualdade.

#TheGlitterDream