Depois de, na qualidade de pai, festejar por 10 vezes consecutivas este dia, apercebi-me de algumas verdades, tidas como absolutas sobre esta efeméride, que não correspondem à verdade. Aqui estão elas:
Os miúdos só se lembram do Dia do Pai porque a mãe os avisa.
Isto é mentira. Quem defende isto deve achar que as mães não têm mais nada para fazer do que estar a dizer aos meninos que têm que saltar para cima do pai às 7 da manhã e acordá-lo com um massacre de beijos e uma chacina de abraços. Quem os avisa que o dia do pai está à porta é a educadora/professora, pois é no infantário/escola que, uma semana antes deste dia, as crianças começam a desenhar um postal e a tentar escrever “para o melhor pai do mundo” sem erros. Ainda dizem que a escola não serve para nada.
Ter que ir à escola/infantário no dia do pai é uma grande seca.
Hoje vais à escola, daqui a 30 anos recebes o seu filho no lar. Qual destas situações te deixa mais confortável? Exato. Sempre é melhor quando somos nós a colocar as fraldas nos outros, não é? Vamos então conviver um bocadinho com outros pais e fingir que estamos deveras surpreendidos com todas as surpresas que a educadora/professora preparou para nós. Seja um teatrinho ou um incrível musical.
O dia do pai é uma invenção capitalista.
Se não celebras este dia com o argumento de que se trata de um dia promovido por interesses comerciais para impulsionar o consumo, então não tens qualquer legitimidade para celebrar o Natal, o Dia da Mãe, o Dia dos Namorados, o Halloween, o Carnaval, a Páscoa, o Ano Novo, o Dia da Criança, as Festas Populares e o teu próprio aniversário. Vais morrer de tédio, mas não esperes flores no teu funeral, pelo menos enquanto as floristas lucrarem com isso.
As prendas que os miúdos dão no dia do pai são inúteis.
Sendo a outra opção a de não receber absolutamente nada, até me custa ter que justificar este item e defender que um pisa-papéis, aka pedra pintada com meia dúzia de rabiscos, é um excelente presente.
Claro que arrisco-me a ouvir-te dizer que já ninguém usa papéis e sou obrigado a concordar, mas vou dar uma novidade: Quando havia folhas com fartura, também ninguém os usava.
É aqui que a nossa criatividade é chamada a intervir para que arranjemos outras funções para os presentes. Seja um postal, um desenho, uma moldura ou uma caneca a dizer “melhor pai do mundo”, aos olhos dos nossos pequenos esta deverá ser a melhor oferta de sempre. Tudo para que fiquem felizes.
Pedras no dia do Pai? Guardo-as todas. Um dia faço uma deliciosa sopa da pedra.
João Pinto Costa
#TheGlitterDream