Beijar é talvez o gesto mais universal e, paradoxalmente, o mais íntimo.
É uma ponte silenciosa entre dois mundos. Um código que atravessa línguas, culturas, distâncias.
E mesmo assim, continua a ser subestimado.
Há quem diga que um beijo é só um beijo.
Mas quem já beijou verdadeiramente sabe — não é só. Nunca é só.
É reconhecimento. É desejo. É curiosidade.
É um sinal claro de que existe ali uma vontade de estar perto, mesmo que por instantes.
O beijo no rosto, por exemplo — gesto simples, quase automático em tantas culturas latinas — é uma forma de dizer: “vejo-te”.
É calor social, é humanidade, é toque que valida.
Já o beijo apaixonado… bom, esse não engana.
Pode ser a confirmação de uma química que se suspeitava,
ou a revelação de que não há absolutamente nada ali — e está tudo bem com isso também.
Porque o beijo também nos orienta.
Dá-nos pistas, mostra-nos caminhos.
Pode acender uma faísca ou assinalar um fim.
E há uma certa sabedoria nisso.
Beijar é um barómetro emocional.
Na intensidade, no ritmo, na intenção — diz tudo o que as palavras não sabem dizer.
E às vezes, é aí que se decide tudo: ficar ou seguir.
Vivi isso várias vezes. Beijos que me disseram “vai”, outros que disseram “fica”.
E muitos que apenas disseram “vive este momento”.
Mas o mais curioso foi quando me mudei para Londres e me disseram, com naturalidade quase clínica:
“Aqui não se dá beijinhos nem abraços para cumprimentar.”
Como se o toque fosse um exagero.
Como se reconhecer o outro com o corpo fosse embaraçoso.
Mas para mim, portuguesa de nascimento e de pele, isso nunca fez sentido.
Beijar, ainda que de forma breve, é honrar a presença do outro.
É lembrar que somos feitos para sentir, não só para existir.
Hoje, no Dia Internacional do Beijo, celebramos este gesto com tudo o que ele carrega.
Porque beijar é mais do que tocar — é comunicar, partilhar, viver.
E isso, por si só, merece ser celebrado.
Por Joana Costa
#TheGlitterDream