Quando te tratam como story de 24h – O drama do ghosting

A cultura do “sumiço”. Vivemos numa era de conexões rápidas e descartáveis. As apps, os swipes infinitos, o medo de compromisso e aquela ideia constante de que “pode sempre aparecer alguém melhor” criaram uma geração que já não sabe bem como terminar nem começar as coisas. Então desaparece. Literalmente.

Conheces alguém. Match. Boa vibe. Conversa fluida. Saem, trocam beijos, risos… talvez até durmam juntos.
E no dia seguinte… puff.
Nada. Nem um emoji. Silêncio total.

E tu ficas ali a pensar: “Mas… e ontem?”. Respiras e pensas “tudo bem, vida que segue”.

Esse silêncio súbito tem um nome: ghosting. E infelizmente, tornou-se quase rotina. Nós, as solteiras, sentimos isso na pele. É frustrante investir tempo, energia e emoções em alguém que simplesmente desaparece — sem explicações, sem despedida, como se nunca tivesse estado ali. É que é mesmo isso, é como se nunca tivesse estado ali.

E sabem o que é mais curioso? Às vezes, nem há grandes expectativas. Só queres divertir-te, conhecer alguém novo, viver o momento. Não queres namorar com essa pessoa: calmaaaa amigo.
Mas mesmo assim, quando a pessoa some sem uma palavra, fica aquela sensação amarga. De confusão, de falta de respeito.

Pior ainda: o ghost quase sempre volta.
Tipo 3 semanas depois, à 1h47 da manhã, com um “Tá tudo? Onde andas?”.

E tu, respondes. Não necessariamente por ser ele, mas porque és livre. Porque te apetece. Mais uma noite aleatória, divertida, sem promessas. E pensas: “Porque não?”.
Tu sabes que ele não é o tal. Não estás a pensar em namorar, muito menos com ele.
E mesmo assim… corta para: puff.
Desaparece outra vez.
Double ghost. Ghosting 2.0.

E tudo isto sem uma simples mensagem como “gostei de te ver, beijo”.
Nada. A verdade é que não queremos cartas de amor como as nossas avós recebiam, mas um mínimo de consideração? Era de bom tom.

E depois vem todo um outro discurso que é: “Ah, mas porque têm de ser os homens a mandar.”
Não! Isso já não existe. Nós mandamos quando nos apetece também.
Mas a questão não é quem manda primeiro. É que, mesmo quando há essa troca, vem o silêncio, o vazio, o ciclo de aparecer e desaparecer.

E a verdade? Também já ghostámos. Por preguiça. Por medo de magoar. Por insegurança.
Ou só por fuga (a mais comum). Somos humanas. Mas isso não quer dizer que esteja ok.

É aqui que temos de parar e pensar:
Porque é que nos estamos a habituar a relações onde falta tudo o que é essencial?

Falta respeito.
Falta coragem.
Falta comunicação aberta.
Falta consideração.

E é por isso que precisamos de falar disto. Entre amigas e amigos. De coração aberto.
E talvez até deixar umas dicas práticas:

  • Regra n.º1: Não tomes o ghost como reflexo do teu valor.
    O silêncio da outra pessoa diz mais sobre ela do que sobre ti. A sério.
  • Não forces explicações.
    Se a pessoa quiser estar, está. A ausência também é resposta.
  • Silencia (ou remove) o perfil, ou arquiva no whatsapp.
    Ver os stories do fantasma só alimenta o ego dele… e o drama em ti.
  • Investe em ti.
    Vai ao brunch com as amigas. Começa aquele curso que andas a adiar. Lê um livro. Volta ao yoga, à dança, ao teu centro.
  • Lembra-te: és o prémio.
    Não ficas à espera de quem não sabe reconhecer o que tem. Tu brilhas demasiado para seres só mais uma opção.

E a pergunta que fica no ar:
Como sobrevivemos ao ghosting da moda?

Com glitter, auto-respeito, e amigos por perto. Sempre.

Las Solteiras

#TheGlitterDream