Em conversa com o autor da página @saosopalavras___
Como surgiu a ideia de criares a página “São Só Palavras”?
A ideia surgiu ainda em 2019, depois de ter dois textos meus que resultaram em duas peças de teatro. Queria continuar a escrever e queria continuar a partilhar a minha escrita. Criar uma página de Instagram foi o passo lógico e aconteceu dia 1 de janeiro de 2020. Na altura, lancei o projeto com uma série de vídeos com atores e atrizes a dizerem textos meus, estilo self tape. Depois veio o Covid e não voltei a essa ideia, mas ainda contei com 25 atores nesse projeto! Desde então, partilho textos no formato escrito diariamente.
Tens mais de 180 mil seguidores. Como explicas este crescimento?
É algo que me surpreende. O crescimento foi sempre orgânico. Nunca fiz uma única promoção, não tenho nenhuma equipa ou agência, dei muito poucas entrevistas… Por isso, foi acontecendo. Sinto que criei algo que as pessoas gostam. Há quem me leia todos os dias, à noite. Há quem o faça de manhã. Há quem guarde o post para ler mais tarde. Há quem envie uma ou outra publicação a amigos, quando têm mensagens com que se identificam. É uma troca engraçada.
A escrita pode ser terapêutica?
Para mim, é muito terapêutica. É quando paro e penso sobre mim, sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre o futuro. Mesmo enquanto leitor, as palavras também têm esse efeito em mim. Mostram-me outras realidades e fazem-me questionar. Há terapeutas que não conseguem fazer isso. (Risos)
Onde gostavas que a página de Instagram te levasse?
A página já fez com que escrevesse um livro, chamado Todos os Dias São Bons Para Falar de Amor, publicado em 2022 pela Planeta. Creio que é a minha maior conquista, até agora. No futuro, gostava de publicar mais livros. Em paralelo, gostava de explorar a escrita noutros formatos e com outras finalidades. Quero muito aventurar-me na escrita de cinema e gostava muito de voltar à escrita de teatro.
Quando é que escreves?
Tento escrever todos os dias. Há semanas em que consigo, há outras em que preciso de mais antecedência e preparo os textos ao fim de semana, por exemplo. Vou equilibrando, mas como publico todos os dias, acabo por estar habituado a tirar 15 ou 20 minutos para me sentar ao computador e pensar o que quero dizer ao mundo, o que me está a preocupar, que mensagem faz sentido partilhar.
Que outras páginas de Instagram te inspiram?
Pergunta difícil para alguém que é super geração Instagram, mas escolho estas páginas de escrita que sigo e adoro: @_odadiana, da Diana Rodrigues Bicho; @asnove, da Sofia Castro Fernandes; a página do Rui Marques, @the_ruimarqs; e a da Inês Meneses, @inesmariameneses. Todos me acrescentam de formas diferentes.
Para terminar: fizeste um texto para assinalar o 25 de Abril em parceria com o The Glitter Dream. Como foi o processo?
Gostei muito que me tivessem lançado o desafio e aceitei logo! Precisei de um ou dois dia para pensar no ângulo que queria dar ao tema. Fui guardando algumas ideias nas notas do telemóvel e, depois, sentei-me ao computador e escrevi. Para mim, a escrita é dos maiores símbolos de liberdade. No meio das palavras, sinto-me verdadeiramente livre, por isso, assinalar a data desta forma — a escrever e a partilhar o que escrevi — parece-me incrível.
#TheGlitterDream