Olá! Este artigo vai ser muito pessoal. Quando estava a falar com a Molly (a coordenadora deste projeto maravilhoso que é o TGD) sobre este tema que queria explorar, o de “expôr-me à mudança”, achei que ia ser muito difícil escrever sobre isto, porque estaria a digerir uma mudança. Entretanto, a vida aconteceu e aqui estou eu, a expôr-me ao desconforto e adivinhem: não está a ser difícil como imaginei. Sofri por antecipação (olá ansiedade, desculpa se te ignorei mas não era o teu momento) e a vida mostrou-me que tudo (ou quase tudo) está do outro lado do medo. (Quase mesmo, porque não tenho medo de ter uma Chanel. Pensando melhor… TENHO TANTO MEDO DE TER UMA CHANEL!) Bem, bem-vindos ao meu diário. E bom domingo 🙂
31 de Dezembro de 2024
Estava a arranjar-me para a minha noite menos favorita do ano e a calçar as minhas Aminas que têm tanto de belíssimas como de altíssimas. Não uso saltos altos tanto quanto gostaria porque para mim, confiança é, sempre, conforto, mas o vestido que tinha escolhido assim o pedia. Andei um pouco pelo quarto e eis que se os meus pés estivessem num tinder date com as Aminas, já estavam a pegar no telemóvel para enviar a safe word para uma bff, para que lhes ligassem naquele momento com uma “emergência”. E nesse momento, houve uma frase que me ecoou (eu queria mesmo usar as Aminas!) como se resumisse a luta interior que tinha vivido nos últimos tempos e que, ao momento, considero vencida: “Getting comfort being uncomfortable.”
“A” mudança
Esta semana comuniquei uma das decisões mais difíceis da minha vida. Não digo tomei, porque a decisão já estava tomada há algum tempo e por isso Dezembro foi assombrado pelo desconforto. Tive muitas dúvidas, questionei várias vezes se seria o passo certo e dei um salto de fé (de Aminas nos pés). Mesmo com medo. Há uns tempos li ou ouvi que ser corajoso não é não ter medo. Ser corajoso é ter medo e ir mesmo assim. E eu fui.
E o que estava do outro lado do medo?
Começo por dizer que não gosto nada de paradoxos. Por muito que adore cor (as minhas Aminas podem prová-lo), também gosto do preto e branco. E do preto, no branco. Não gosto de meios-termos, meios caminhos, nem tão pouco do morno. Isto para dizer que não gosto de mudanças mas alimento-me de desafios. Serei um paradoxo andante? (aqui pode ser antes de Nikes?) Não gosto, mas vou. (f*cking paradox). E nestas idas e vindas, toldadas pelas mudanças, descobri que também sou boa a adaptar-me. De outra forma e segundo Darwin, não tinha acabado de dizer dois parágrafos acima, que considero esta luta vencida. Acredito mesmo nisto e digo-o muitas vezes: uma das melhores características do ser humano é a capacidade de adaptação. (Perdoem-me se soou a presunção, mas é o que sinto e como diria essa grande filósofa y2k, Jlo, what you get is what you see.) E agora imaginem-me a tirar o capacete em slow motion em cima de uma mota (clicaram o link?) e a dizer: o mundo está sempre a mudar e se não nos adaptamos rapidamente, estamos a perder tempo. Para quê gastar energia a lamentarmo-nos e a pensar no que era, em vez do que é e vai ser? Enquanto não nos adaptarmos, não estamos a viver.
E como faço isto?
Faço uma análise raio-x à mudança para perceber o que me vai trazer, em termos práticos. Penso nos cenários que me deixarão, hipoteticamente desconfortável e racionalizo soluções. Se forem coisas que não vou controlar, de todo, foco-me no conforto daquilo que controlo: as conversas que tenho com o meu marido, as pessoas com quem partilho a minha vida, a comida que como, os abraços-colo que a minha mãe me dá, o meu sofá, a minha casa. E exponho-me ao desconforto. Estas pequenas âncoras de estabilidade são como ilhas de paz num mar de incertezas. Não posso controlar o mundo, mas posso controlar o meu microcosmo!
Esta é a minha fórmula e quando acredito muito numa coisa, consigo. Pelo menos a minha mãe diz-me que sim e quem sou eu para questionar a minha mãe?
Conversa com o Universo
Expus-me à mudança. Tomei uma decisão difícil. Fiz-lhe um raio X, desenhei estratégias de salvamento e já estou na busca pelo conforto. E o que é o Universo me disse?
- Olá, querida. Finalmente!
- Olá… (timidamente, Dani respondeu).
- Confiaste e abriste a porta da mudança. E agora vê só o que eu tenho aqui para ti.
- Dani sorri, sem palavras, apenas a sentir-se muito agradecida e que tudo valeu a pena.
Bottom line
Esta semana foi a prova provada de que o desconforto pode ser um catalisador para a magia e que a vida não espera que tenhamos todas as respostas antes de começar a mudança, apenas nos pede que confiemos no processo.
Talvez seja esta a essência do conforto: saber que mesmo quando tudo à nossa volta muda, podemos encontrar paz naquilo que somos, naquilo que criamos e nas conexões que criamos e nutrimos.
Quando nos expomos à mudança, mesmo aquela que não queríamos, coisas mágicas podem acontecer. E ainda bem que aquilo que nos deu tanto medo, aconteceu. Ainda bem!
PS: Não sou ninguém para oferecer fórmulas mas depois desta exposição, acho que posso teorizar sobre uma fórmula, não para a felicidade, mas para a resiliência: abracem o desconforto, confiem no processo e descubram o conforto das pequenas coisas.
E agora (sempre quis dizer isto!!!): não percam os próximos episódios, porque nós, também não 🙂
Dani