Dia mundial do riso – O poder do Humor.

Tudo começa quando os pais fazem umas caretas, brincam de “esconde-esconde” ou emitem umas vozes engraçadas. O cérebro da criança é surpreendido e as primeiras gargalhadas deliciam os progenitores. É este o mecanismo do riso. Não podia ser mais simples. Fazemos acreditar alguém que vamos a conduzir por um determinado caminho e, quando nada o faz o prever, viramos repentinamente o volante e fazemos um desvio que surpreende o passageiro da nossa conversa. Se ele for ao nosso lado, com sorte, irá no lugar do morto… de riso.

O motorista vai por onde quer. A sua viagem, desde que cumpra o código da estrada,  não conhece limites. Ele tem o volante e o destino nas mãos. Os passageiros têm o direito de não gostar, mas não têm o direito de o impedir de fazer novos desvios. Um bom desvio para um dos passageiros é um desvio escusado para outro. E vice-versa. É assim com o humor e a única razão pela qual ele não conhece limites, é porque isso é uma impossibilidade absoluta. Quem define sobre o que se pode ou não brincar? O sagrado para mim (bolas de Berlim) não é o sagrado para ti que és mais fã de pastelaria conventual. Quanto muito o limite do humor seria a falta de graça mas até isso é subjetivo.

Diz o príncipe do humor nacional, Ricardo Araújo Pereira, natural sucessor do rei Herman, que o poder do humor é não ter poder nenhum. Permitam-me que este bobo da corte que vos escreve discorde. O Ricardo, neste ponto,  faz-me lembrar aqueles jogadores da bola que antes de um jogo importante, para retirar a pressão inerente ao seu trabalho, dizem que estão apenas 3 pontos em disputa e que nada fica decidido.

O poder do humor manifesta-se desde logo na chamada terapia do riso que é já utilizada para aliviar a dor, stress e depressão estando cientificamente comprovada a sua utilidade. Prolongar a vida humana é prova evidente da importância de dar umas gargalhadas e apesar de uma dose de Os Batanetes não dispensar a consulta do médico é inequivocamente relevante a sua utilidade. A terapia do humor é já levada muito a sério nos Estados Unidos para o tratamento de dores crónicas. A endorfina é um neurotransmissor produzido no sistema nervoso central que tem importantes funções como reduzir a dor, melhorar o sono e provocar bem-estar. Ela pode ser produzida de várias formas como por exemplo através do exercício físico, através do sexo ou através do riso (obrigado chatgpt). Basta olharem para mim para saberem como produzo a minha (esta parte não veio do chatgpt).

Em abono da verdade RAP quando retira importância ao humor fá-lo num contexto politico dando frequentemente o exemplo da eleição de Trump, que após ser ridicularizado e mencionado como nenhum outro candidato por humoristas de todo o mundo ganhou as eleições. “Onde está o super poder do humor neste caso?” – Pergunta ele com ironia. Respondo com outra pergunta, desta vez sem ironia: Será que o feitiço não se virou contra o feiticeiro e o humor não foi aliado do alvo das piadas?                                                                                                                                                                          Oscar Wild, escreveu que “ a única coisa pior que falarem de você é não falarem de você” e se a isto se juntar uma dose de bom humor a combinação pode ser explosiva. Uma declaração banal que nos faça rir é memorizada por muito mais tempo e no país onde todos andam armados (muitos em parvos) o humor tornou-se uma arma que por não ser corretamente utilizada provocou danos irreversíveis a quem dela fez uso. A minha teoria é que o escrutínio constante das ideias mirabolantes do candidato jogaram a favor dele e quem pouco tinha a perder acabou por acolher as suas propostas em busca de algo que fugisse aos repetidos e monótonos padrões habituais dos residentes na casa branca.

Atravessando o atlântico, também por cá, temos um exemplo paradigmático do poder do humor na politica. Não no sentido de ajudar a eleger alguém, mas no sentido de ajudar a aleijar alguém, fazendo-o cair do cargo que ocupava. Corria o ano de 1993 quando o ministro do ambiente Carlos Borrego (já agora… excelente nome para um ministro do ambiente) contou uma piada sobre hemofílicos que tinham morrido no Hospital de Évora devido a uma contaminação por alumínio. Quem, naturalmente, não achou graça foram as famílias das vítimas. Percebeu assim o politico que, apesar do humor não ter limites, o timing da piada, mais especificamente o contexto, é algo vital para o sucesso da mesma. É que mesmo parecendo que não isto de se fazer rir é um assunto muito sério… e poderoso.

Um feliz dia do riso para todos.

João Pinto Costa

#TheGlitterDream