Como podemos falar de São Valentim sem falar do maior e mais importante amor de todos? Não podemos. Este é um daqueles clichês MUITO necessários e que nunca é demais relembrar: o amor mais importante é o próprio.
O amor próprio é o sentimento de respeito, cuidado e valorização que nutrimos em relação a nós mesmos. Significa reconhecer o próprio valor, aceitar quem se é e tratar-se com respeito e compreensão. Mais do que isto, é termos a capacidade de nos pormos em primeiro lugar. E que nunca nos deixemos enganar pela ideia de que sermos a nossa própria prioridade é um ato de egoísmo, até porque o amor próprio é a arma imaterial mais poderosa na construção de boas e saudáveis relações exteriores.
Antes de amar outra pessoa, antes de decidirmos entregar-nos (sentimentalmente) a alguém, é fundamental construirmos no nosso interior a maior fonte de amor a que temos acesso. É inútil procurar algo nos outros se não conseguirmos encontrá-lo primeiro em nós. Não foi à toa que Whitney Houston cantou: I found the greatest love of all inside of me e intitulou a música Greatest Love of All. O maior amor de todos está mesmo dentro de nós.
Se há quem defenda que falar positivamente para as plantas as faz crescer, se calhar está na altura de começarmos a olhar para nós como parte da flora. E se mais dúvidas persistem sobre a forma como merecemos ser tratados, segue outro clichê: cuida de ti como cuidas de alguém que amas. Afinal, é comum cuidarmos muito bem de quem amamos e nos esquecermos que também fazemos parte dessa quota.
Eu bem sei que a opção mais fácil a escolher na lista de pessoas a desiludir é “eu própria”, mas se não criarmos um compromisso connosco, vamos perder a confiança que nos resta. Sabemos que, no que toca a nós mesmos, estamos sempre prontos a falhar, o que tem de mudar.
Que seja este o ponto de viragem, neste clima de São Valentim, para o cultivo de uma melhor relação com a entidade que dá vida ao nosso corpo físico. Como quem pinta um quadro, se queremos pintar o mundo ao nosso redor com as cores mais bonitas, temos de começar por colorir dentro de nós mesmos. Se alguma vez perderam algo, certamente sabem que o primeiro sítio onde se deve procurar é o mais óbvio. Com o amor é igual. E o sítio mais óbvio, neste caso, também é o que está mais perto. Começa em nós, está em nós, somos nós. Este sentimento que guia a vida funciona num movimento bidirecional, mas para iniciar todo o ciclo, o sentido é só um: de dentro para fora.


Beatriz Fernandes
Aluna do 2º ano de Ciências da Comunicação na FLUP e Bolseira Gulbenkian
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