Crazy dates – EP 2

Segundo dia, date com Y
Sem pensar muito nas consequências, entrei na aventura. Estávamos no meio de uma greve, então a única solução era alugar um carro. Pedi um automático, claro, porque sou uma mimada e não me meto com mudanças. Quando nos perguntaram sobre o seguro, estava segura das minhas habilidades.

A viagem foi uma loucura, perdemo-nos no caminho e acabámos a demorar mais duas horas do que o planeado. Mas quando finalmente chegamos ao hotel, a noite de novo foi inesperada, mas, com a química no ar, tudo parecia certo.

No dia seguinte, levei-o ao trabalho, e ele pediu-me para deixar o carro no parque do hotel. Fui toda menina certinha, estacionei o carro, só que quando fui entrar no parque, ouvi um rghhhhhh. Claro, nem tudo poderia correr tão bem…

Fiquei completamente em pânico. Estacionei o carro e, sem saber o que fazer, corri para o quarto do hotel, onde me cobri com todos os cobertores e almofadas, tentando desaparecer da realidade. Tinha de contar-lhe o que fiz: não só bati com o carro, como ainda estraguei duas portas. A mente estava a fazer o trabalho de preparação para a discussão, lembrando-me das brigas com o meu ex, que só sabia gritar, ter de contar a minha mãe que afinal não tinha ido para o Gerês passar o fim de semana com uma amiga como lhe tinha dito para não achar que sou maluca e completamente irracional… Enfim, mais um curto circuito cerebral.

Chegou o momento de o ver no intervalo de almoço do seu trabalho, eu estava no carro e ele entrou, escondi a cabeça no volante e sem levantar a mesma disse fiz asneira da grossa, bati com o carro. 

Estava novamente com a cabeça escondida no volante a pensar que ia levar o maior raspanete de todos os tempos, até que ele entra senta-se com muita calma e diz-me “Joana, eu assumi os riscos quando fiz isto, eu sabia que isto podia acontecer. Não tem problema, eu resolvo.” E eu só pensei: eu encontrei o homem para mim!! É isto que eu preciso!!! Não estava nada à espera de encontrar alguém, de sentir tudo isto.. mas isto? Isto que ele me ofereceu neste momento? Isto é clareza, isto é possível. Existem pessoas assim? Eu sei, eu sou um “bocado” impulsiva e atiro-me de cabeça, também exagero e projecto as qualidades nas pessoas que elas possam não ter realmente… Como vão ver a seguir..

Mas primeiro, vamos ao desfecho desta história. Trágico, claro… Senão, não teria mais histórias para contar.

Esta foi a história de como conheci o meu namorado, o homem que me levou a mudar de país e a viver com ele durante um ano e meio em Londres. É irónico que tudo tenha terminado por causa de algo aparentemente insignificante – como uma discussão interminável sobre como cortar uma cebola, que se arrastava por vinte minutos, ou aquele Dia dos Namorados em que, com todo o meu esforço, tentei fazê-lo sentir-se especial. Comprei lingerie nova, velas perfumadas, fairy lights para criar um ambiente acolhedor, cozinhei com carinho e até comprei o livro que ele tanto queria (porque, para ele, todos os presentes tinham de ser livros – valha-me Deus se alguém sugerir outra coisa!). E, para completar, escrevi-lhe uma carta à mão. O que recebi em troca? A simples e fria frase: “Joana, isto não é o Natal.”

Esses episódios deixaram-me a refletir sobre como a paixão, por mais intensa que seja, não basta por si só. O que realmente importa é a forma como lidamos com os pequenos detalhes, com os gestos diários e com o respeito mútuo. Houve também debates sobre algo tão trivial como a maneira de cortar uma cebola, que se prolongavam por vinte minutos – momentos que, para mim, simplesmente não faziam sentido. Reconheço que tenho os meus defeitos e inseguranças – e, sim, a intensidade dos meus altos e baixos torna tudo mais dramático – mas isso faz parte de quem sou. O que vai ser explicado na minha próxima história, onde continuarei a partilhar esta aventura louca e real que é o amor ou tentativa de o atingir.

Joana Costa

#TheGlitterDream